Emprego jovem e precariedade: um desafio estrutural

A entrada dos jovens no mercado de trabalho continua a ser um dos maiores desafios económicos e sociais em Portugal. Apesar da melhoria global nos níveis de desemprego, os jovens enfrentam uma taxa muito superior à média nacional, marcada por contratos a prazo, estágios mal remunerados e escassas oportunidades de progressão na carreira. A precariedade tornou-se uma realidade comum para uma geração altamente qualificada.

Muitos jovens são obrigados a aceitar empregos fora da sua área de formação ou a emigrar para encontrar condições de trabalho mais estáveis. Esta tendência tem consequências a médio e longo prazo: afeta a produtividade nacional, contribui para o envelhecimento populacional e impede a construção de percursos profissionais sólidos. Além disso, compromete o acesso à habitação, à poupança e à autonomia pessoal.

Os programas de incentivo ao primeiro emprego e as iniciativas de qualificação profissional têm tido impacto limitado, sobretudo devido à falta de articulação com o setor privado e à rigidez do mercado laboral. Existe uma clara necessidade de políticas públicas que promovam contratos de trabalho duradouros, condições salariais justas e um ambiente económico que valorize o talento jovem.

A solução passa também por reconfigurar o modelo económico nacional, apostando em setores de maior valor acrescentado, inovação e transição digital. Criar emprego jovem sustentável não depende apenas da criação de vagas, mas do reforço da estrutura produtiva do país e da confiança no futuro.