A inflação voltou a ser um dos temas centrais da economia portuguesa nos últimos anos. Após um longo período de estabilidade de preços, a pandemia, a guerra na Ucrânia e as perturbações nas cadeias de abastecimento globais contribuíram para o aumento dos custos de produção e distribuição. A energia e os bens alimentares foram os setores mais imediatamente afetados, com os combustíveis e o cabaz alimentar a registarem subidas expressivas.
As famílias portuguesas sentiram esse impacto diretamente no seu orçamento mensal. A perda de poder de compra levou muitas a reorganizar os hábitos de consumo, privilegiando marcas brancas e reduzindo despesas não essenciais. Os setores da restauração, retalho e transportes viram-se obrigados a adaptar os preços e reavaliar a sua oferta perante a diminuição da procura e o aumento dos custos operacionais.
Em resposta, o governo português implementou medidas de contenção como a isenção temporária do IVA em certos produtos essenciais, apoio direto às famílias mais vulneráveis e incentivos ao uso de transportes públicos. No entanto, estas medidas são consideradas temporárias e o debate em torno de soluções estruturais, como a reforma fiscal ou o reforço da produção interna, continua em aberto.
Para o futuro, prevê-se uma moderação gradual da inflação, em linha com as políticas monetárias mais restritivas do Banco Central Europeu. No entanto, a sua evolução dependerá da estabilidade geopolítica, dos preços da energia e da resiliência da economia nacional face a novos choques externos.